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Cresce procura por selos de qualidade

por Eliane Oliveira / Bruno Rosa

Empresas buscam certificação para valorizar seus produtos. No Brasil, 38 itens têm indicação geográfica

O empresariado brasileiro começa a descobrir que vende mais e melhor aos cada vez mais exigentes consumidores nacionais e estrangeiros, se seu produto tiver algum tipo de certificado de qualidade ou sustentabilidade. Pesquisas mostram que um produto pode custar pelo menos 30% a mais, se nele estiver indicada sua origem geográfica (IG), por exemplo. Assim, proliferam os selos e os registros voluntários privados, que se somam aos já obrigatórios pela legislação.

Segundo Lúcia Fernandes, coordenadora geral de indicação geográfica do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), o procedimento garante competitividade. Existem hoje no Brasil 38 produtos protegidos com a IG, número pequeno, levados em conta os mais de 400 na Itália e 300 em Portugal:

— Esses países têm isso arraigado há anos. Nossa legislação é de 1996. Há dez anos, você escolhia o café pela marca e nem sabia de onde ele vinha.

Fernando Lopes, presidente do Instituto Totum, empresa que já desenvolveu mais de 20 selos e participou do processo de IG para vinhos, afirma que é crescente o número de associações e empresas que buscam processos de certificação. Mas ele reconhece que, por uma questão de poder aquisitivo, a consciência do brasileiro é menor em relação ao europeu ou americano:

— Esses processos de certificação aumentam o controle do produto, elevando, assim, seus custos.

As iniciativas envolvem diversos setores, dos mais organizados, como o de vinhos e cafés, até segmentos bem específicos, como os produtores de mel e as paneleiras de Goiabeiras Velha, em Vitória, no Espírito Santo. No bairro, as mais de 80 mulheres que produzem as panelas de barro, reunidas em uma associação, já receberam o selo de indicação de procedência há dois anos, com a ajuda da Prefeitura e do Sebrae. Berenicia Correa Nascimento, presidente da associação, diz que o selo vai agregar valor ao produto.

— Cada panela, para ser vendida, precisa de um selo, de um certificado e de uma embalagem. Ainda estamos vendo com o Sebrae como será feita a produção dos selos, pois esse é um processo lento e burocrático. O processo só agrega, pois o consumidor consegue saber quem foi que fez a panela, pois cada paneleira tem um código, aumentando a qualidade. E isso valoriza o produto — diz Berenicia, lembrando que as panelas custam de R$ 4 a R$ 70.

Aos poucos, o consumidor percebe a importância de comprar um produto com origem certificada. Segundo Eduardo Cassiano, dono do restaurante Padano, na Barra da Tijuca, que usa as panelas no preparo das refeições e na decoração, o produto causa impacto entre os clientes.

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— As panelas ressaltam o sabor de cada ingrediente. Por isso, controlar sua origem assegura qualidade, e os clientes ficam encantados, pois são charmosas. E, então, eles perguntam a procedência e nós contamos a história. Eles adoram — diz Cassiano.

Recentemente, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) — formado por mais de 20 diretores de grandes empresas, como Braskem, GE, Unilever e Renova Energia — entregou aos presidenciáveis a proposta de criar uma certificação sustentável, o “Selo Brasil".

Segundo a diretora de desenvolvimento institucional do CEBDS, Lia Lombardi, existe a percepção do setor empresarial que os produtos nacionais já são fabricados com menor impacto ambiental. Contudo, esses mesmos bens precisam ser validados, para ganharem competitividade. A indústria brasileira, destaca, usa matriz energética mais limpa em comparação a outros países, por exemplo.

fonte: Site do Jornal "O Globo"
Data: 24/08/14

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