Grandes, médias e pequenas empresas e até mesmo o consumidor já podem obter energia de fontes renováveis e sustentáveis, por meio de Certificados de Energia Renovável, os chamados RECs. Esse é um mercado que tem crescido muito no Brasil.

Em 2016, foram transacionados 107.543 RECs (cada certificado equivale a 1 MWh de eletricidade produzida a partir de fontes renováveis), conforme levantamento do Instituto Totum, que coordena o Programa de Certificação de Energia Renovável e é o emitente local dos RECs. O Programa tem a participação da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel), Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) e Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).  No ano anterior, em 2015, foram transacionados apenas 13.462 certificados.

A possibilidade de registro dos empreendimentos de energia renovável brasileiros na plataforma mundial IREC contribuiu para o crescimento desse mercado. “Com a implantação do IREC no Brasil, no ano passado, conseguimos atender a demanda de empresas multinacionais que possuem políticas internas que exigiam a compra de certificados reconhecidos mundialmente. Porém, mesmo no País, a procura de empresas por RECs vem aumentando muito”, afirma Fernando Giachini Lopes, diretor do Instituto Totum.

Muitas organizações têm metas internas de sustentabilidade. Há empresas de atuação global que possuem metas de 100% renewables nos próximos 4 a 6 anos em nível mundial, segundo Lopes.   A boa notícia é que oferta de energia renovável certificada também vem sendo ampliada. Até meados do ano passado a oferta estava limitada a três empreendimentos (dois hídricos e um eólico), agora existem mais de 15 empreendimentos capazes de gerar RECs.  A expectativa do Totum é que até o final de 2017 o mercado tenha movimentado cerca de 1.000.000 de RECs.

Entre os novos empreendimentos certificados recentemente pelo Totum estão os da Atlantic Energias Renováveis. Após um trabalho rigoroso de auditoria, os parques eólicos em operação no Rio Grande do Norte (Eurus II e Renascença V)  e na Bahia (Complexo Eólico Morrinhos)  receberam o Certificado de Energia Renovável.  Para José Roberto de Moraes, CEO da Atlantic, trata-se de um marco para a companhia. “A certificação reforça e amplia nosso ideal de investimento em empreendimentos que utilizam fontes renováveis de energia com alto desempenho ambiental, social e econômico”.

A certificação é importante por criar um nicho de mercado da venda desse produto, destaca a presidente executiva da ABEEólica,  Elbia Gannoum.  “Não estamos falando apenas de energia elétrica, mas sim de um produto com alto valor agregado de sustentabilidade e de redução de CO2 que pode ser utilizado pelas empresas e pelos consumidores para certificar o seu produto ou o seu serviço”, diz a executiva.

A certificação I-REC é o método mais prático e confiável para um consumidor escolher a origem de sua energia. “O certificado traz transparência e opções para aqueles que apoiam o desenvolvimento de energia renovável”, diz Hans Vander Velpen, analista ambiental da Voltalia, empresa com foco em pequenas e médias unidades de geração de energia, com sede na França, e que recentemente certificou um parque na plataforma internacional I-REC, aumentando ainda mais a oferta de RECs no Brasil.

Para o diretor da consultoria ambiental Embrasca, Ricardo Cesar Fernandes, o mercado de RECs, que já é bem desenvolvido em várias partes do mundo, tem boas perspectivas no Brasil, de demanda firme e crescente. A Embrasca, que registrou um parque eólico no Ceará, foi responsável pela maior emissão de IRECs até agora na América do Sul.

Apesar do crescimento significativo desse mercado em 2016, o Brasil ainda está engatinhando nessa questão de RECs.  “Nos EUA, por exemplo, distribuidoras locais de energia ofertam RECs aos seus clientes, de forma tal que consumidores residenciais podem escolher o tipo de energia que consomem.  Com o tempo, o Brasil poderá chegar a esse patamar de desenvolvimento”, diz Fernando Lopes, do Totum.

Responsável pelo primeiro processo de certificação LEED no Brasil que utilizou um REC brasileiro em 2015, para o Citibank, a Novva Solutions comprou recentemente RECs para serem transformados em créditos no processo de certificação LEED do Hospital do Coração. “Além dos preços competitivos no Brasil, é muito melhor incentivar a produção de energia verde aqui do que em outro país”, afirma Márcia Picarelli Davis, diretora da Novva Solutions.

Entenda como funciona esse mercado – Nem todas as empresas têm condições de investir em uma usina para gerar sua própria energia renovável. A saída então é receber a energia da forma tradicional e adquirir o volume de energia equivalente ao consumo por meio de Certificados de Energia Renovável.  Ao comprar RECs as empresas são abastecidas com a energia da rede local, que geralmente é um “mix” de fontes renováveis (hídrica, eólica, solar) e não renováveis (térmicas à óleo, gás ou nucleares). Em troca, elas estão investindo na geração da mesma quantidade consumida em energia limpa, ou seja, elas se apropriam somente da parte limpa que é colocada no sistema.  Com os RECs as empresas podem garantir 100% de energia renovável para seu uso sem ter de investir, elas próprias, em geração.

FONTE: Revista RMAI

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