O Instituto Totum, responsável no Brasil pela coordenação do Programa de Certificação de Energia Renovável e Emissor Local dos certificados, conhecidos como RECs, está usando a tecnologia de blockchain na sua plataforma SISREC (Sistema Totum de Emissão de RECs). Lançada em dezembro de 2019, a plataforma reúne todos os dados de emissão de certificados e de geração centralizada de energia renovável contabilizados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), além da geração distribuída das usinas registradas, permitindo o rastreamento de 100% dos certificados de fontes renováveis no País.
O uso de blockchain para rastreabilidade dos dados de energia renovável em larga escala, como este sistema implantado no Brasil, é uma iniciativa inédita no mundo.
A tecnologia blockchain permite uma estrutura de armazenamento eficiente, transparente e imutável, utilizada para validar as informações sobre a geração e consumo de fontes renováveis. “Cada certificado, cada atribuição, recebe um registro no blockchain. Este registro, por sua vez, não pode ser alterado e pode ser auditado a qualquer momento. Isso traz total transparência e segurança para as empresas geradoras e consumidoras de eletricidade de fonte renovável certificada”, explica Fernando Giachini Lopes, diretor presidente do Instituto Totum.
“Com o blockchain temos mais uma camada de segurança no processo de emissão de RECs, na medida em que ela possibilita o armazenamento de dados, criptografa e cria trilhas auditáveis, tudo na mesma operação”, afirma Lopes. Com o Sistema, os dados de geração são obtidos pelo Totum diretamente da fonte, via arquivo de dados da CCEE. Antes do SISREC, as usinas enviavam ao Totum evidências, baseadas em relatórios do setor de energia. Atualmente são rastreadas mais de 2 mil usinas (614.343.298 MW), das quais 110 estão aptas a emitir certificados.
O Programa de Certificação de Energia Renovável foi criado há sete anos pela Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel) e pela Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) e tem o apoio da CCEE, da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) e da Associação Brasileira de Biogás e de Biometano (Abiogás).
“Os RECs já estão apresentando um crescimento admirável e tendem a seguir nessa linha. Por isso, esta iniciativa pioneira do Instituto Totum é muito importante, ao criar ainda mais segurança e robustez para uma ferramenta fundamental para as empresas comprovarem seu consumo de energia renovável”, avalia Elbia Gannoum, presidente da ABEEólica.
Já foram emitidos mais de 4 milhões de certificados desde o início do Programa. No ano de 2020, até abril, as emissões atingiram 1.500.000 RECs, superando o total emitido nos anos de 2016, 2017 e 2018, somados.
Para a Abragel, o uso de blockchain é mais uma demonstração da importância dos RECs e de como a digitalização é fundamental para garantir menores custos, maior segurança e transparência no controle das transações comerciais entre os agentes. “Nosso foco é proporcionar uma plataforma moderna e inovadora, que ajude a expandir o acesso de todos os agentes produtores e consumidores de energia elétrica limpa e renovável ao Programa de Certificação de Energia Renovável”, afirma o presidente da Abragel, Charles Lenzi.
A digitalização da indústria de energia é uma tendência inexorável. Estudo do portal alemão Statista prevê crescimento do uso dessa tecnologia de US$ 1,2 bilhão para US$ 23,3 bilhões em 2023. Com a utilização de blockchain no setor de energia renovável será possível desenvolver tecnologias de interconexão digital, como a internet das coisas (IoT), para captar dados de geração em tempo real, explica Fernando Lopes, do Totum.
FONTE: RMAI