Cristiane Gracio NOTÍCIAS – Demais
Desde os tempos do Brasil Colônia, a madeira é utilizada sem critérios técnicos. Acabou ficando com a imagem de material comum e perdendo terreno para materiais de alvenaria e concreto, por exemplo. Além disso, as escolas de engenharia e arquitetura quase não contemplam a madeira como material de engenharia. “Muitos arquitetos não conhecem os benefícios do uso desse material, que pode oferecer maior desempenho nas composições estruturais, pois a robustez aliada ao tratamento químico resulta em longevidade. E, acima de tudo, é uma opção sustentável”, explica Flavio Carlos Geraldo, presidente da ABPM (Associação Brasileira de Preservadores de Madeira).
De acordo com o executivo, a madeira vem da fábrica mais limpa do mundo (árvore), é moderna, ecológica e ajuda a preservar o planeta. “Como material de reflorestamento diminui a pressão sobre matas nativas, retira o dióxido de carbono da atmosfera, minimizando o efeito estufa, é recurso 100% renovável de ciclo curto, apresenta mensagem ambiental positiva, é disponível, de baixo custo, normatizado, versátil, bonito, oferece sensação de conforto, tem fácil manuseio e apresenta excelente relação peso/resistência. Além disso, o consumo comparativo de energia necessária à produção de diversos materiais de engenharia coloca a madeira em vantagem inigualável quando comparado com algumas alternativas:
1 Tonelada de Material | Consumo de Kg EC |
Alumínio | 4.200 |
Aço | 1.000 |
Blocos de Concreto | 26 |
Madeira | 0,8 |
Não se pode ignorar que, como outros materiais, a madeira também apresenta suscetibilidade à deterioração. Em especial, por tratar-se de material natural orgânico, está sujeita à ação de certos organismos que a deterioram, demandando medidas preventivas que possibilitem maior durabilidade. As modernas técnicas de produtos e processos existentes para o tratamento de madeiras oferecem condições plenas para o alcance da vida útil desejável com segurança, beleza e economia.
NÚMEROS DO SETOR – No anuário 2013 – ano base 2012 – da ABRAF (Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas), a área brasileira de plantios de Eucalyptus e Pinus atingiu 6,66 milhões de hectares, com os plantios de Eucalyptus representando 76,6% da área total e os de Pinus, 23,4%. Porém, de acordo com estimativas da ABPM, apenas 1,5 milhão de m³ é tratado em autoclave no Brasil. Para efeito de comparação, nos Estados Unidos são utilizados mais de 12 milhões de m3 de madeira tratada por ano.
Quatro mercados são os principais consumidores de madeira tratada no Brasil: entre 60 e 65% da produção nacional vai para o rural (em especial mourões para cercas); o setor elétrico recebe ao redor de 15%, mesmo percentual do segmento ferroviário. E apenas entre 5 e 10% é utilizado na construção civil.
AUTORREGULAMENTAÇÃO E NORMATIZAÇÃO – A ABPM, com apoio do Instituto Totum e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT, concebeu o QUALITRAT, programa de autorregulamentação do setor de madeira tratada, para garantir ao consumidor que ele está adquirindo produtos de uma empresa que opera de acordo com os princípios de qualidade e legalidade.
A entidade, por meio de sua diretoria adjunta de normatização, trabalha incansavelmente em normas técnicas, tanto na revisão de textos antigos quanto na elaboração de novos. “A ABPM sempre acreditou nas Normas Técnicas como instrumentos de abertura e consolidação de mercados. Com base na norma, o fornecedor tem condições de garantir ao usuário o desempenho do produto”, pontua Geraldo.
Somente em 2013, cinco normas técnicas foram publicadas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), contemplando três setores: construção civil – NBR 6232 – Penetração e retenção de preservativos em madeira tratada sob pressão, e NBR 16143 – Preservação de Madeiras – Sistema de categorias de uso; elétrico – NBR 16201- Cruzetas roliças de eucalipto preservado para redes de distribuição elétrica, e NBR 16202 – Postes de eucalipto preservado para redes de distribuição elétrica – Requisitos; ferroviário – NBR 7511 – Dormentes de madeira – Requisitos e métodos de ensaio. A área rural está contemplada com a NBR 9480, de 2009 – Peças roliças preservadas de eucalipto para construções rurais.
Para a ABPM, contribuir com a sustentabilidade é um dever de todos. Mas utilizar madeira cultivada/ tratada vai além disso, já que ela oferece vantagens competitivas tanto em nível tecnológico quanto financeiro. Mais informações www.abpm.com.br
FONTE: Portal Segs