Marina Franco
A Associação Brasileira de Preservadores de Madeira concede primeiro selo Qualitrat, que garante qualidade do tratamento de toras vindas de florestas plantadas
Os setores rural, ferroviário, elétrico e da construção civil são os maiores consumidores de madeira tratada, retirada de florestas cultivadas, não nativas, no Brasil. Esse tipo de tora passa por um tratamento industrial para ter sua vida útil prolongada. Então, é usado como mourão de cercas rurais, dormentes para trilhos, postes de distribuição de eletricidade e componentes de construção.
Segundo estimativa da ABPM – Associação Brasileira de Preservadores de Madeira, comercializa-se hoje 1,5 milhão de m3 de madeira tratada ao ano. 90% do volume corresponde ao eucalipto, espécie comumente usada para reflorestamento, seguida pelo pinus.
Com o objetivo de melhorar as práticas dos setores em que a madeira tratada está consolidada, a ABPM lançou o selo Qualitrat que começa a ser concedido a empresas que seguem padrões de origem, qualidade e legalidade, após auditoria do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Elaborado com o apoio do Instituto Totum, o selo atesta uma série de critérios agrupados em cinco categorias:
- Habilitação e Idoneidade Jurídica;
- Gestão da qualidade nos processos;
- Gestão Ambiental;
- Regularidade Social, Trabalhista e Gestão de Saúde e Segurança e
- Ética e Responsabilidade Social.
Primeira empresa a receber o selo, a CBI Madeiras – que vende toras de cinco mil hectares de reflorestamento – foi atrás do Qualitrat para atender à preocupação de seus consumidores. “Muitas empresas perguntam sobre origem da madeira, processo do tratamento ou se há certificação. Este selo antecipa essas dúvidas”, afirmou Paulo Maciel, presidente da CBI Madeiras, durante o evento de entrega do primeiro selo, realizado ontem no IPT, em São Paulo.
Para Flávio Carlos Geraldo, presidente da ABPM, o selo também permitirá crescimento do consumo de madeira tratada pela construção civil, que hoje corresponde a, apenas, 10% desse mercado. “O setor da construção está em busca de alternativas. Hoje, as coberturas de casas e condomínios horizontais em sua maioria usam madeira nativa da Amazônia. O melhor custo-benefício, sem dúvida, é a madeira tratada”, disse.
A madeira de reflorestamento tratada também apresenta benefícios em relação a outros materiais usados nas construções de casas e edifícios, como o aço, alumínio e alvenaria. “A madeira cultivada tratada, além de não vir de árvores nativas, é mais durável, consome menos energia em carvão equivalente para ser produzida e ainda sequestra carbono da atmosfera”, lembrou Flávio. Segundo ele, mais empresas associadas mostraram interesse em obter o selo e deverão passar pela auditoria do IPT. Aí será mais fácil aos consumidores identificar a qualidade de procedência e tratamento do material.
FONTE: Planeta Sustentável