O problema da mobilidade nos grandes centros urbanos e a preocupação com a qualidade de vida dos funcionários têm levado cada vez mais as empresas a adotarem programas de trabalho à distância. Com o provável agravamento da crise hídrica no período de seca (outono), que deve provocar racionamento em função do maior consumo, o teletrabalho é uma opção para as empresas continuarem operando normalmente. A prática também contribui para reduzir o consumo de energia elétrica no escritório, num momento de escassez do insumo.
Além de reduzir o consumo de água e luz, as empresas que adotam o trabalho a distancia têm um aumento e produtividade entre 10% e 40%, segundo estimativas do economista Sergio Volk, do IBEF-SP, que usou como base dados econômicos do IPEA e da FGV. O teletrabalho reduz em 10% o turnover e em cerca de 25% o absenteísmo.
A fim de aprimorar essa modalidade de trabalho no País, dando mais segurança à empresa e ao colaborador, levando-se em conta que a maioria das empresas que adota o home office não possui um contrato específico, a Sociedade Brasileira de Teletrabalhos e Teleatividades (SOBRATT) criou a Certificação de Boas Práticas em Teletrabalho. A concepção e gerenciamento da certificação é do Instituto Totum.
Pesquisa realizada pela SOBRATT com 88 empresas, de grande e médio porte, mostrou que 66,67% delas não possuem contrato específico para o trabalho remoto, e 83,33% informaram que não oferecem treinamento especial.
Para obter o selo da SOBRATT, que é renovado a cada ano, a empresa deve obedecer às normas de boas práticas que se apoiam em cinco pilares: processo de teletrabalho, tecnologia de informação e comunicação, segurança jurídica, gestão de pessoas e cultura organizacional.
O processo de obtenção do Selo começa com uma autoavaliação feita pela empresa, e se caso seja atingida a pontuação necessária, o Instituto Totum realiza uma auditoria na documentação. Na sequência, a Comissão de Certificação avaliará o processo e, se a empresa for aprovada, receberá o selo de Boas Práticas em Teletrabalho.
“É muito importante definir as práticas gerenciais para gestão de pessoas, assegurando atendimento a requisitos legais, e garantindo os critérios e indicadores para a prestação de serviços, controle de acesso, avaliação de desempenho e condições de trabalho”, afirma Alvaro Mello, presidente da SOBRATT.
“O selo é uma chancela de que a empresa segue as boas práticas de teletrabalho, tanto no gerenciamento de pessoas como no tocante a requisitos legais e tecnologia”, diz o sócio-diretor do Instituto Totum, Fernando Giachini Lopes.
Das empresas entrevistadas pela SOBRATT em outubro, 43,90% se mostraram satisfeitas com os resultados obtidos com o teletrabalho e pretendem ampliar a modalidade para outras áreas. A maioria, 73,91%, tem experiência de mais de dois anos com home office.
A pesquisa revelou ainda que a adoção da modalidade esbarra na questão cultural das empresas e dos gestores, que temem perder controle sobre o tempo e a produtividade dos funcionários remotos, além da dificuldade de adaptação dos colaboradores e questões jurídicas.
FONTE: RhCentral