Por: Livia Neves

O Instituto Totum espera um crescimento expressivo na comercialização de Certificados de Energia Renovável (RECs, na sigla em inglês), neste ano. “Já comercializamos 120 mil RECs até o momento. Achamos possível esse número se multiplicar por oito neste ano”, aposta o diretor do instituto, Fernando Lopes. Cada REC representa um MWh gerado através de fontes renováveis e o Totum é o responsável pela certificação no Brasil, com dois programas.

A venda dos RECs é normalmente associada a algum tipo de exigência ou meta de consumo de energia sustentável, explica o diretor. É o caso de um dos maiores mercados potenciais para os certificados nno Brasil: as construtoras que buscam certificação LEED do Green Building Council para suas edificações.

Para gerar ou manter certificações LEED, o GBC aceita como comprovante de consumo de energia sustentável o REC Brasil (leia abaixo sobre as diferenças do programa brasileiro em relação ao padrão internacional). “Para manter a certificação, os prédios devem continuar comprando RECs, é uma aquisição contínua”, aponta Lopes.

Além das construtoras, os RECs podem ser comercializados para empresas que assumiram metas de consumo sustentável. O diretor estima que no Brasil exista um potencial para venda de até 60 milhões de certificados (correspondentes a 60 milhões de MWh ao ano) para empresas que mantém esse tipo de compromisso. 

O preço de venda, explica, varia muito conforme o volume de certificados envolvidos, o tipo de fonte (os de hidrelétricas seriam mais baratos, seguidos por eólica, biomassa e solar) e até o período de emissão. Lopes, contudo, afirma que é realista uma faixa de preço entre R$ 2,50 e R$ 3,70 por MWh ou certificado.

Já para o empreendedor que deseja aderir, o custo é de R$ 4.500 por registro de projeto e de R$ 0,50 por certificado emitido e comercializado. Os valores valem para os dois sistemas de certificação oferecidos pelo instituto.

REC internacional e REC Brasil

Lopes explica que o Totum oferece dois tipos de certificações. A primeira segue o padrão REC internacional, que olha para quatro condições antes de emitir os certificados: a legalidade da instalação da usina; a comprovação de fonte renovável, incluindo hidrelétricas de grande porte; a injeção da energia na rede; e a inexistência de duplo beneficiário da energia renovável.

“Pode ocorrer, por exemplo, que uma usina de cana de açúcar gere energia a biomassa para consumir na própria unidade. Essa usina pode vender o açúcar como um produto produzido 100% como energia renovável e isso pode ser verdade. Mas se a usina decidir se certificar, não poderá mais fazer essa afirmação”, explica o diretor do Totum. Ou seja, a geradora não pode vender o “consumo renovável”.

Já o sistema REC Brasil adiciona uma quinta condição para a certificação de projetos: a sustentabilidade. Neste caso, também são analisadas as relações dos projetos com as comunidades no entorno e o cumprimento de exigências socioambientais. Usinas hidrelétricas de grande porte, por exemplo, não são certificadas.

Até o momento, o Totum já emitiu certificados para 15 projetos o Brasil, dos quais 12 se certificaram no sistema REC Brasil. Outra diferença entre os processos é a governança: os RECs do sistema brasileiro são rastreados pelo próprio instituto Totum, que mantém o controle sobre os consumidores/compradores. Já os certificados emitidos no padrão internacional têm seu destino monitorado por entidade global.

FONTE: Brasil Energia

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